ENTENDENDO A ARTE
Conceitos,
importância e funções da arte: Para alguns, a
arte concretiza-se na música que gostam de ouvir, tocar ou cantar; na dança que
os faz felizes; na personagem com a qual se identificam, em uma peça de teatro;
na pintura, na produção plástica que elaboram; na imagem na qual seus olhos
passeiam e os leva a dialogar com o que estão vendo; na fruição, na apreciação
das manifestações artísticas de que gostam. Para outros, talvez signifique algo
que não consigam expressar e talvez até não signifique nada.
Poderíamos
definir a palavra arte como “manifestação da atividade humana por meio da qual
se expressa uma visão pessoal e desinteressada que interpreta o real ou o
imaginário com recursos plásticos, linguísticos ou sonoros”.
O mundo da arte é concreto e vivo podendo ser observado,
compreendido e apreciado. Através da experiência artística o ser humano
desenvolve sua imaginação e criação aprendendo a conviver com seus semelhantes,
respeitando as diferenças e sabendo modificar sua realidade. A arte dá e
encontra forma e significado como instrumento de vida na busca do entendimento
de quem somos, onde estamos e o que fazemos no mundo.
Desta maneira, quando o ser humano faz arte, ele cria um
objeto artístico que não precisa nos mostrar exatamente como as coisas são no
mundo natural ou vivido e sim, como as coisas podem ser, de acordo com a
sua visão. A função da arte e o seu valor, portanto, não estão no
retrato fiel da realidade, mas sim, na representação simbólica do mundo
humano.
Para existir a arte são precisos três elementos: o
artista, o observador e a obra de arte.
O primeiro elemento é o artista, aquele que cria a
obra, partindo do seu conhecimento concreto, abstrato e individual transmitindo
e expressando suas ideias, sentimentos, emoções em um objeto artístico
(pintura, escultura, desenho etc) que simbolize esses conceitos. Para criar a
obra o artista necessita conhecer e experimentar os materiais com que trabalha,
quais as técnicas que melhor se encaixam à sua proposta de arte e como expor
seu conhecimento de maneira formal no objeto artístico.
O outro elemento é o observador, que faz parte do
público que tem o contato com a obra, partindo num caminho inverso ao do
artista – observa a obra para chegar ao conhecimento de mundo que ela contém.
Para isso o observador precisa de sensibilidade, disponibilidade para
entendê-la e algum conhecimento de história e história da arte, assim poderá
entender o contexto em que a obra foi produzida e fazer relação com o seu
próprio contexto.
Por fim, a obra de arte ou o objeto artístico,
faz parte de todo o processo, indo da criação do artista até o
entendimento e apreciação do observador. A obra de arte guarda um fim em
si mesma sem precisar de um complemento ou “tradução”, desde que
isso não faça parte da proposta do artista.
Dentre os possíveis e variados conceitos que a arte pode
ter podemos sintetizá-los do seguinte modo – a arte é uma experiência humana
de conhecimento estético que transmite e expressa ideias e emoções na
forma de um objeto artístico (desenho, pintura, escultura, arquitetura
etc.) e que possui em si o seu próprio valor. Portanto, para apreciarmos a
arte é necessário aprender sobre ela. Aprender a observar, a analisar, a
refletir, a criticar e a emitir opiniões fundamentadas sobre gostos, estilos,
materiais e modos diferentes de fazer arte.
Uma tela pintada na Europa no séc. XIX pode não ter o
mesmo valor artístico para uma comunidade indígena ou para uma sociedade
africana que conservem seus valores e tradições originais. Por que isso pode
acontecer se a arte é universal?
Para esses grupos étnicos os significados da arte como a
entendemos podem não ser os mesmos por não pertencerem ao contexto em que eles
vivem.
Cada sociedade possui seus próprios valores morais,
religiosos, artísticos entre outros. Isso forma o que chamamos de cultura de um
povo. Mas uma cultura não fica isolada e sofre influências de outras, portanto,
nenhuma cultura é estática e sim dinâmica e mutável. A arte, ao longo dos
tempos, tem se manifestado de modos e finalidades diversas.
Os grupos sociais veem a arte de um modo diferente, cada
qual segundo a sua função. Nas sociedades indígenas e africanas
originais, por exemplo, a arte não era separada do convívio do dia-a-dia, mas
presente nas vestimentas, nas pinturas, nos artefatos, na relação com o natural
e o sobrenatural, onde cada membro da comunidade podia exercer uma função
artística.
Somente no séc. XX a arte foi reconhecida e valorizada
por si, como objeto que possibilita uma experiência de conhecimento estético.
Ao longo da história da arte podemos distinguir três
funções principais para a arte – a pragmática ou utilitária, a naturalista
e a formalista.
Função
pragmática ou utilitária: a arte serve como meio para se alcançar um fim
não-artístico, não sendo valorizada por si mesma, mas pela sua finalidade.
Segundo este ponto de vista a arte pode estar a serviço para finalidades
pedagógicas, religiosas, políticas ou sociais. Não interessa aqui se a obra tem
ou não qualidade estética, mas se a obra cumpre seu papel moral de
atingir a finalidade a que ela se prestou. Uma cultura pode ser chamada
pragmática quando o comportamento, a produção intelectual ou artística de um
povo são determinados por sua utilidade.
Função
naturalista: o que interessa é a representação da realidade ou da
imaginação o mais natural possível para que o conteúdo possa ser
identificado e compreendido pelo observador. A obra de arte naturalista
mostra uma realidade que está fora dela retratando objetos, pessoas ou
lugares. Para a função naturalista o que importa é a correta representação
(perfeição da técnica) para que possamos reconhecer a imagem retratada; a
qualidade de representar o assunto por inteiro; e o vigor, isto é, o poder de
transmitir de maneira convincente o assunto para o observador.
• Função
formalista: atribui maior qualidade na forma de apresentação da obra
preocupando-se com seus significados e motivos estéticos. A função formalista trabalha com os princípios que determinam a
organização da imagem – os elementos e a composição da imagem. Com o formalismo
nas obras, o estudo e entendimento da arte passaram a ter um caráter menos
ligado às duas funções anteriores importando-se mais em transmitir e
expressar ideias e emoções através de objetos artísticos. Foi só a partir do
séc. XX que a função formalista predominou nas produções artísticas através da arte
moderna, com novas propostas de criação. O conceito de arte que temos hoje
em dia é derivado desta função.
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